Sapientia et Fortitudo

Sapientia et Fortitudo
Ecce Homo

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Só por um momento

Deixe os sonhos penetrarem sua realidade
Inundarem teu corpo de algo irreal
Sinta-se leve e frágil
Como uma garoa que cobre os gramados verdes sem culpa
Como a neve que congela lagos sem razão
Torne –se uma estátua eterna
Eterna estátua de sonhos
Feche os olhos e simplesmente sinta...
Sinta que tudo pode ser real
Deixe os sonhos te carregarem nos braços
Já não há mais motivos, não há mais destino
Tudo está parado, quieto, apenas você consegue correr
Como num contexto sem sentido
Como em questões sem respostas
Como a vida sem você
Perceba o teu próprio mundo
Estique os braços e apenas...
Apenas sinta que tudo pode ser real
Permita que os sonhos te encontrem neste baile de ilusões
Dance sem ritmo, sem vontade de parar
Entregue-se aos teus pensamentos
Aos teus desejos mais profundos
Aos teus delírios mais insanos
Torne-se um pássaro livre
Esqueça a injusta gaiola da vida
Jaula que te impede de voar
E quando estiver totalmente livre, sonhe ainda mais
Sinta o céu sob teus pés
Acompanhe o vento,
Sinta-se no infinito do seu ser
Toque a mais alta das nuvens e depois...
Depois despenque sem sentido, sem razão
Esqueça todos os significados e deixe...
Deixe que os sonhos te carreguem nos braços até o fim.

[Lars]

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tempo Quebrado

Tempo que se perde no próprio Tempo
Pedaços de um Tempo perdido
Tempo que outrora passava, corria, voava
Agora está estagnado, imóvel, nulo
Tempo que já não envelhece mais
Circunscrito ou descrito,
Porém escrito em algum Tempo qualquer
O Tempo quebrou
Pendurado numa parede muda
O relógio que quebrava o silêncio das noites quietas,
Derepente calou-se
Películas de um ponteiro sem força
Uma ampulheta com vidros estilhaçados
Passado negado, futuro esquecido
Um presente num Tempo que há tempos já não vive mais
Tempo abandonado no Tempo
Num próprio Tempo sem Tempo
No exato momento em que meu Tempo acabou.

LArs

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Meu diálogo

Por quê?
- Não sei.
E queria saber?
-Talvez.
Como estava?
-Sozinho...
Sentiu algo?
-Acho que nada.
Nem dor, tristeza ou alegria?
-Estou inerte.
E o que pensas fazer?
-Boa pergunta.
O que seria melhor neste momento?
-Silêncio.
Silêncio?
-Sim
E o coração?
-Permanece imóvel.
E a mente?
-Bloqueada.
Lembranças?
-Me transformei em você.
Mais eu sou você!
-Tens tanta certeza disso?
Ás vezes acho que não.
-Tens dúvidas então?
Sim...E como está?
-Estranho.
E sabe o por quê?
-Porque vi nossos olhos no espelho.
E então?
-Difícil explicar.
Já disse que eu sou você.
-Então por quê me perguntas?
Talvez eu precise saber.
-Mas você sou eu!
Talvez...Ainda sonhas?
-Também não sei.
E nossos olhos?
-Permanecem intactos no espelho.
Desilusões?
-Apenas a vida.A vida e a solidão.
E o que enxergas ao ver nossos olhares perdidos no mesmo reflexo?
-Tortura... ódio e fascinação.

LArs

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Medo

Qual será o som do medo?
Um grito. Um sussurro.
A voz retorcida da dor.
O pingo. Um respingo contorcido do corpo.
Uma cor muda.
Um eco.
O uivo noturno da solidão.
A rouquidão diária do desespero humano.
O tic-tac, as buzinas, os motores.
Latidos da miséria.
O rugido de um segredo.
Passos obscuros na madrugada vazia.
A quietude triste do nosso mais perfeito instante.
Uma explosão.
Um sopro infinito.
O barulho de um suspiro.
Um último batimento cardíaco.
Silêncio...
O que será o medo?

LArs